Em 1993, a Unidos de Vila Isabel trouxe à Sapucaí o enredo “Amazonas, esse desconhecido!”, um alerta contundente sobre a importância da preservação da floresta amazônica e de nossos ecossistemas. A escola, com sua potência artística, levantou a bandeira da consciência ambiental em um tempo em que as discussões sobre mudanças climáticas e sustentabilidade ainda estavam ganhando espaço. Essa mensagem, 31 anos depois, segue mais urgente do que nunca, especialmente ao considerar a tragédia ambiental que o Brasil enfrenta em 2024.
Nas últimas semanas, incêndios florestais de grandes proporções têm assolado diversas regiões do país, especialmente a Amazônia, o Pantanal e o Sudeste. A destruição é tamanha que, segundo dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), 60% do território brasileiro esteve encoberto por uma espessa camada de fumaça e fuligem. Cidades como São Paulo viveram novamente o fenômeno do céu escurecido, lembrando o alarmante cenário que chocou o mundo em 2019.
Esses incêndios não são eventos isolados. O Brasil vive atualmente a maior seca de sua história, com cerca de 1.400 cidades enfrentando níveis extremos ou severos de escassez de água. O tempo seco, aliado às temperaturas altíssimas resultantes das mudanças climáticas, é ainda mais agravado pelo desmatamento e o uso criminoso do fogo. Tais ações têm consequências devastadoras para o equilíbrio ambiental e para a qualidade de vida da população.
A mensagem ecológica cantada por Vila Isabel em 1993 não apenas ecoa, mas se amplifica em 2024, quando a escola aborda mais uma vez a urgência ambiental com o enredo “Quanto mais eu rezo, mais assombração aparece”. A proposta de 2024 traz à tona o medo coletivo e os “fantasmas” gerados pela degradação ambiental e pelas práticas irresponsáveis que assombram o presente e comprometem o futuro.
A destruição dos biomas brasileiros impacta diretamente o clima, a saúde pública e o bem-estar das populações. Com os sistemas climáticos profundamente afetados, o Brasil sofre com a falta de chuvas, o aumento de doenças respiratórias provocadas pela poluição do ar, e a ameaça crescente à segurança alimentar, dada a perda de áreas produtivas. A natureza, ao ser devastada, responde de forma implacável.
Essa realidade coloca em evidência a importância de refletirmos sobre o legado que queremos deixar. A mensagem de Vila Isabel, tanto em 1993 quanto em 2024, é um apelo para a consciência ambiental e o despertar para a necessidade de ações urgentes. O samba, com seu poder transformador, segue sendo um importante veículo de mobilização social.
Enquanto as cinzas dos incêndios cobrem o Brasil, cabe a cada um de nós agir e cobrar políticas públicas eficientes, que protejam o meio ambiente e garantam um futuro sustentável para as próximas gerações. A floresta, as águas e o ar que respiramos são bens coletivos, e sua preservação é uma responsabilidade que não pode ser mais negligenciada.
O apelo de Vila Isabel segue ecoando: a destruição do meio ambiente afeta a todos nós!
Equipe SAPUQUEI