Gabriel Haddad e Leonardo Bora, da Unidos de Vila Isabel, vencem o Prêmio PIPA 2025 — e fazem história!

Gabriel Haddad e Leonardo Bora, da Unidos de Vila Isabel, vencem o Prêmio PIPA 2025 — e fazem história!

🎨 Carnaval é arte contemporânea! Pela primeira vez na história do Prêmio PIPA, uma das premiações mais prestigiadas da arte brasileira, artistas ligados diretamente ao Carnaval conquistam o troféu. Os carnavalescos Gabriel Haddad e Leonardo Bora, responsáveis pelo desfile da Unidos de Vila Isabel, foram anunciados como vencedores da edição de 2025 na última sexta-feira (04), quebrando paradigmas e abrindo novos caminhos para o reconhecimento da arte produzida nos barracões.

A vitória representa um marco importante: é o reconhecimento formal do Carnaval como manifestação de arte contemporânea de vanguarda. Emocionado, Gabriel celebrou a conquista com uma reflexão potente:

“Para nós, os desfiles das escolas de samba sempre foram manifestações artísticas contemporâneas. Sempre estiveram na vanguarda, disputando a cidade, promovendo debates, fundindo linguagens e inventando tecnologias. Receber o Prêmio PIPA é ver essa visão ser legitimada.”

Leonardo Bora também destacou o valor simbólico da premiação e a longa trajetória de artistas carnavalescos na cena cultural brasileira:

“Nos anos 80, Fernando Pinto já levantava esse debate. Joãosinho Trinta e Rosa Magalhães participaram de bienais. Mais recentemente, Leandro Vieira foi indicado ao próprio PIPA. Agora, com essa conquista, entendemos que estamos trilhando um caminho coletivo e que a arte do Carnaval é, sim, parte do circuito artístico nacional.”

Uma trajetória de luta e arte

Apesar dos avanços, os carnavalescos ainda enfrentam olhares preconceituosos, como pontua Haddad:

“É estranho pensar que ainda nos perguntam se somos artistas. Isso revela um olhar excludente, que diferencia o popular do erudito, o que é profundamente atravessado por racismo e classismo. O samba e o Carnaval sempre foram potentes — e ganharem esse prêmio é sinal de que algo está mudando.”

O Prêmio PIPA é promovido pelo Instituto PIPA desde 2010 e tem como missão valorizar e promover a arte contemporânea brasileira. Os artistas premiados são escolhidos a partir de uma curadoria especializada, que analisa toda a produção recente dos indicados. Haddad e Bora se destacaram pelo trabalho autoral e inovador que desenvolvem nas escolas de samba, com forte apelo narrativo, valorização de saberes tradicionais e uso expressivo de recursos cênicos e artesanais.

Arte, Carnaval e resistência

Entre as marcas registradas da dupla estão a construção de enredos com múltiplas camadas simbólicas, a experimentação de formas e materiais, a valorização das memórias das comunidades e a integração de linguagens visuais, musicais e corporais.

Como parte da premiação, Gabriel e Leonardo participarão de uma exposição coletiva, junto com os demais vencedores, ainda sem data e local divulgados. Enquanto isso, os dois seguem trabalhando no enredo da Vila Isabel para o Carnaval 2026, que homenageará Heitor dos Prazeres — multiartista premiado na 1ª Bienal de São Paulo e referência histórica na integração entre samba, pintura e música.

“É simbólico. Estamos preparando um enredo sobre Heitor dos Prazeres e, no meio disso, somos premiados com o PIPA. Isso nos faz olhar para tudo o que já criamos e nos impulsiona a sonhar ainda mais alto. O Carnaval é arte viva, popular e infinita”, conclui Bora.

📸 Foto: Divulgação / GRES Unidos de Vila Isabel

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